Aqui se chama o Mundo. Do alto da voz Portuguesa de Gil do Carmo, todos os povos se enternecem e, como se animais chegassem da Terra toda, as canções abrem no Mediterrâneo uma praça para o encontro.
Aqui se chama o Mediterrâneo, sua idade inteira e sua beleza. A mestria de seus povos sedimentada em suas melodias pressentidas, suas memórias evocadas pela portugalidade. Gil do Carmo completa sua identidade através desta impressão colectiva, uma certa multidão e em sua voz, o sentimento profundo de ser súmula, cúmulo de um território vasto. O Mediterrâneo, afinal, é mais por dentro do que na evidência do mar e do chão. Assim coma a "música mora no silêncio", tudo aqui é segredo que se revela por fim, diamante colhido no íntimo peito do cantor.
Que lindo este disco. Que lindo, elegante, inteligente, tão maduro, este disco em que Gil do Carmo afinal carrega sua música mestiça para ser o que o destino lhe quer: a inteireza de terras a perder de vista. Terras a verem o mar. Terras a descerem ao mar. Onde partimos, onde chegamos.
Há muito que um conjunto de canções não me parecia tão feito de um mesmo gesto e um mesmo amor. Genuínas e seguras, perfeitas. Canções perfeitas de partirmos e voltarmos só por escutar.
Valter Hugo MãeMEDITERRÂNEO
A brisa do sul é o princípio.
Suave.
Ao sul, o Mediterrâneo traz ventos e marés, saberes e sons.
A sonoridade que se constrói, a partir de sensações breves, chega do calor e do ardor, quase dorido, mas dolente.
A herança mediterrânea tem milhares de anos, nas margens da música atlântica. Entender essa mesma música atlântica, é ler na pauta, as curvas da poesia do alifato.
O que se busca neste projeto é a essência do passado, através das sonoridades novas do presente, em busca de criações futuras.
A música é o princípio e o final da História da Humanidade. Uma síntese da forma de expressão, por tão universal. Exaltar este legado, é navegar pelo sopro ancestral que se ouve em cada nota de portugalidade. O que se escuta, não tem as mesmas fronteiras desta Europa, austera e implacável, com as ondas da pobreza migrante.
A teórica linha de separação, entre o Atlântico e o Mediterrâneo, é tão incoerente tanto a tentativa de ignorar as visíveis alterações climáticas. Estamos ligados pelo vento e pela música. Em cada canto do nosso cantar, há um ritmo que nos chegou a navegar.
O álbum “Mediterrâneo” tem a missão de lembrar o âmago da cultura ancestral da música atlântica, através da milenar brisa do mar do sul.
Suave.
GIL DO CARMO
Gil do Carmo nasce em Lisboa em 1973. As primeiras memórias musicais estão ligadas ao xaile da avó, que puxava, com mão de menino, enquanto a ouvia cantar. O pai tinha por mania sentá-lo, no chão da sala, a ouvir Jaques Brel, Ray Charles, Frank Sinatra e Zeca Afonso. Aprende a ouvir e a sentir, através do ambiente artístico em que cresce. Com 14 anos, começa a frequentar bares e casas de amigos para fazer e ouvir música. Aos 15 anos inicia o estudo de canto com Lúcia Lemos, o que marca a vontade futura de ser músico.Escreve e compõe a partir daí.
Aos 19 anos estuda em duas das principais escolas de música do mundo, a “Musicians Institute”, e a “Berkelee College of Music”, nos Estados Unidos da América. É aluno de Jamie Lula e aprende canto e composição.
O primeiro disco de Gil do Carmo sai em 1997. “Mil Histórias” é um retrato de Lisboa, a partir de uma nova abordagem, com respeito pelo passado, num olhar para os novos tempos da cidade.
A partir de um som que se quis miscigenado e unificador, as criações de Gil do Carmo exploram as raízes da tradição portuguesa, em contacto constante com as influências atlânticas que chegam pelas marés do Tejo.
“Nus teus Olhos”, de 1999, torna-se um grande sucesso em Portugal e projecta o artista nos países de língua portuguesa.
Criador de um dos mais emblemáticos espaços de música ao vivo em Lisboa, o “Speakeasy”, Gil do Carmo marca uma nova forma de estar na música portuguesa, ao dar palco a jovens músicos e autores, durante 17 anos.
Fica quase 10 anos sem gravar um disco de originais, mas, ao longo desse tempo, compõem temas para Mariza, Dona Maria e Carlos do Carmo, entre outros.
“Sisal” de 2008 é a viragem musical do artista. O single “Na Maré de Ti” é um dos grandes êxitos do ano em Portugal. “A Uma Voz”, de 2016, é o quarto trabalho que conta com a participação de João Frade, Vicky Marques, José Manuel Neto e António Serrano, entre outros, gravado com a espontaneidade total dos músicos, para originar o ambiente criativo certo que o cantautor pretende para este disco.
Canta em vários países, numa carreira internacional em crescimento: de Espanha à Escócia, passando pelo México, Brasil, Inglaterra, França. E de repente, chega a pandemia. O álbum “SÊ” inicia um caminho poético, que se cruza na “Lisboa de Amanhã”, do bairro e ao manjerico, passando pela percussão das diferentes latitudes, despido de preconceitos, para uma abordagem electrónica, nova na sua música.
No mais recente disco Mediterrâneo (2025), Gil do Carmo revela uma nova etapa estética e ética. Gravado no Canoa Estúdios, com produção de Gil do Carmo e Tiago Santos e produção adicional de Nelson Canoa, o álbum inaugura uma mudança geográfica e simbólica: se o Atlântico foi sempre o território emocional e musical do artista, a Lisboa atlântica, de porto e sentido ao Tejo, o Mediterrâneo surge em mar de reencontro com a ancestralidade e a herança milenar das poéticas do Sul.
Em entrevista à Rádio Renascença, Gil do Carmo descreve essa transição como um regresso “ao som que está dentro das pedras e do vento”, à vibração antiga das margens que “unem mais do que separam”. O primeiro single, No Dia em que o Sahara, é lançado a 21 de junho de 2025, data do aniversário do artista e solstício de verão, como primeiro testemunho simbólico da sua nova travessia musical e poética. A canção, que evoca os desertos interiores e as metamorfoses do clima e da alma, afirma-se como metáfora de um tempo de urgência e de esperança. O videoclipe, realizado por João Vasco filmado nas águas do Mediterrâneo, prolonga essa viagem de reconciliação: entre a luz e a sombra, poesia e harmonia, entre passado e futuro. Mediterrâneo é uma mudança num retorno à escuta, à delicadeza e à clareza das origens, em afirmação estética do canto e do murmúrio, das poeiras do deserto, e dos ventos quentes ancestrais.
Com quase 30 anos de carreira, Gil do Carmo é um nome singular da música portuguesa, reconhecido pela autenticidade e pela capacidade de cruzar estilos, tempos e geografias.
O músico e compositor tem um percurso de constante reinvenção, dando voz às raízes e às rotas da miscigenação contemporânea.
Mediterrâneo afirma-se como mais um capítulo essencial desse legado, celebrando, através da música, a memória comum que une as margens de um Sul maior.
Em 2022, Gil do Carmo celebrou num disco (Sê) a Lisboa mestiça na qual se revia, assinalando nele as presenças na memória do pai e da avó (Carlos do Carmo e Lucília do Carmo). Três anos passados, com a cidade cada mais descaracterizada pela gentrificação e pelo turismo, Gil do Carmo deixou Lisboa, rumou ao Oeste e no meio dessa mudança gravou um disco desencantado com a cidade e aberto aos horizontes a Sul.
Chamou-lhe Mediterrâneo e vai ser apresentado esta sexta-feira na Casa Capitão, em Lisboa, num showcase, às 19h.
Entrados no Outono, eis que lança um segundo tema desse seu novo trabalho, No Silêncio mora a Música, também em single com videoclipe. Um tema que, segundo os seus promotores, nos “propõe uma escuta interior, numa procura do espaço entre as notas musicais e o pensamento, que revela memória e encontro”. É o que sentimos, ao ouvi-la: “Ao caminhar/ Não sei passarei toda esta duna/ Imerso pesadelo ao acordar/ A música mora no silêncio/ Procura da toada a assobiar/ No trilho do Oásis vem a água/ Submersa equação a desbravar.” O videoclipe do tema, filmado em terras do Oeste português, foi realizado, tal como o anterior, por João Vasco.
Mediterrâneo será o sexto álbum a solo de Gil do Carmo, a solo depois de Mil Histórias (1997), Nus Teus Olhos (1999), Sisal (2008), A Uma Voz (2016) e Sê (2022). A canção No Silêncio mora a Música, que agora se revela, foi gravada no Canoa Estúdios entre 14 e 24 de Setembro de 2024, com arranjo e produção de Gil do Carmo e Tiago Santos. Além de Gil do Carmo (vozes) e Tiago Santos (guitarra acústica), participaram Rodrigo Correia (contrabaixo), Daniel Bernardes (piano) e Vicky Marques (bateria e percussões).
O silêncio é o princípio. É dessa pausa cheia de sentidos que nasce No Silêncio Mora a Música, o novo single de Gil do Carmo, com lançamento marcado para 12 de setembro. O cantor e compositor lança uma criação intimista e universal que se inscreve na continuidade estética do seu mais recente disco, Mediterrâneo (disco Antena1). Se neste trabalho o mar surge como metáfora de encontro e pertença, aqui é o silêncio que ocupa o centro da cena: um território onde a música nasce, reinventa-se e transforma-se em partilha.
O tema integra a banda sonora da aguardada série “O Grito”, realizada por Leonel Vieira, produzida pela Volf Entertainment em coprodução com a RTP e com a participação da HBO MAX, com estreia marcada para 16 de setembro na HBO MAX (Portugal e Espanha). Nesta narrativa intensa e cinematográfica, a canção de Gil do Carmo reforça a dimensão poética e solitária deste enredo, sublinhando o poder da música na narrativa das histórias humanas.
No Silêncio Mora a Música propõe-se uma escuta interior, numa procura do espaço entre as notas musicais e o pensamento, que revela memória e encontro.
O tema inscreve-se na continuidade de Mediterrâneo, o mais recente álbum de Gil do Carmo, que partiu da ideia essencial de resgatar a essência do passado através das sonoridades novas do presente, em busca de criações futuras. Se Mediterrâneo celebrava o mar como espaço de travessias e de diversidade cultural, No Silêncio Mora a Música traz-nos a respiração da pausa, a intensidade do não-dito, a música que nasce da escuta.
O videoclipe é filmado em terras do Oeste, com a mestria da realização de João Vasco.
Com quase 30 anos de carreira, Gil do Carmo é um nome singular da música portuguesa, reconhecido pela autenticidade e pela capacidade de cruzar estilos, tempos e geografias. De A Uma Voz a Mediterrâneo, passando por Sisal, o músico e compositor construiu um percurso de constante reinvenção, dando voz às raízes e às rotas da miscigenação contemporânea.
Um disco Antena 1.
Texto de Valter Hugo Mãe
Aqui se chama o Mundo. Do alto da voz Portuguesa de Gil do Carmo, todos os povos se enternecem e, como se animais chegassem da Terra toda, as canções abrem no Mediterrâneo uma praça para o encontro.
Aqui se chama o Mediterrâneo, sua idade inteira e sua beleza. A mestria de seus povos sedimentada em suas melodias pressentidas, suas memórias evocadas pela portugalidade. Gil do Carmo completa sua identidade através desta impressão colectiva, uma certa multidão e em sua voz, o sentimento profundo de ser súmula, cúmulo de um território vasto. O Mediterrâneo, afinal, é mais por dentro do que na evidência do mar e do chão. Assim coma a "música mora no silêncio", tudo aqui é segredo que se revela por fim, diamante colhido no íntimo peito do cantor.
Que lindo este disco. Que lindo, elegante, inteligente, tão maduro, este disco em que Gil do Carmo afinal carrega sua música mestiça para ser o que o destino lhe quer: a inteireza de terras a perder de vista. Terras a verem o mar. Terras a descerem ao mar. Onde partimos, onde chegamos.
Há muito que um conjunto de canções não me parecia tão feito de um mesmo gesto e um mesmo amor. Genuínas e seguras, perfeitas. Canções perfeitas de partirmos e voltarmos só por escutar.
A brisa do Sul é o princípio. É desse sopro suave que nasce "No Dia em que o Sahara", o novo single de Gil do Carmo, a ser lançado a 15 de Junho. Uma data simbólica: mês do Solstício, da luz mais quente, do aniversário do compositor e das heranças do deserto.
O tema marca a estreia do álbum Mediterrâneo, a editar em Outubro pela Antena 1, e propõe uma viagem sonora pelas geografias afectivas do Sul, onde o Atlântico e o Mediterrâneo se encontram nas margens da música Portuguesa.
Mediterrâneo parte de uma ideia essencial: resgatar a essência do passado através das sonoridades novas do presente, em busca de criações futuras. Com sonoridades que evocam o calor das travessias humanas e das heranças culturais milenares, este disco constrói-se a partir dos ventos, das marés e dos ritmos que nos chegaram a navegar.
"No Dia em que o Sahara" é o primeiro testemunho dessa travessia musical e poética, nesse alerta visível das alterações climáticas que atingem Portugal. Uma canção que fala de desertos interiores e reinvenções de luz.
Com estreia marcada na Antena 1, o single é acompanhado por um videoclipe filmado nas ondas do Mediterrâneo, realizado por João Vasco, evocando os territórios afectivos e os sopros ancestrais que inspiram este disco.
Com quase 30 anos de carreira, Gil do Carmo é um nome singular da música Portuguesa, reconhecido pela autenticidade e pela capacidade de cruzar estilos, tempos e geografias. De A Uma Voz a Sisal, o músico e compositor construiu um percurso de constante reinvenção, dando voz às raízes e às rotas da miscigenação contemporânea. Mediterrâneo afirma-se como mais um capítulo essencial desse legado, celebrando, através da música, a memória comum que une as margens de um Sul maior.
Texto de Valter Hugo Mãe
Aqui se chama o Mundo. Do alto da voz Portuguesa de Gil do Carmo, todos os povos se enternecem e, como se animais chegassem da Terra toda, as canções abrem no Mediterrâneo uma praça para o encontro.
Aqui se chama o Mediterrâneo, sua idade inteira e sua beleza. A mestria de seus povos sedimentada em suas melodias pressentidas, suas memórias evocadas pela portugalidade. Gil do Carmo completa sua identidade através desta impressão colectiva, uma certa multidão e em sua voz, o sentimento profundo de ser súmula, cúmulo de um território vasto. O Mediterrâneo, afinal, é mais por dentro do que na evidência do mar e do chão. Assim coma a "música mora no silêncio", tudo aqui é segredo que se revela por fim, diamante colhido no íntimo peito do cantor.
Que lindo este disco. Que lindo, elegante, inteligente, tão maduro, este disco em que Gil do Carmo afinal carrega sua música mestiça para ser o que o destino lhe quer: a inteireza de terras a perder de vista. Terras a verem o mar. Terras a descerem ao mar. Onde partimos, onde chegamos.
Há muito que um conjunto de canções não me parecia tão feito de um mesmo gesto e um mesmo amor. Genuínas e seguras, perfeitas. Canções perfeitas de partirmos e voltarmos só por escutar.