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Biografia

Gil do Carmo

Gil do Carmo nasce em Lisboa em 1973.
As primeiras memórias musicais estão ligadas ao xaile da avó, que puxava, com mão de menino, enquanto a ouvia cantar.
O pai tinha por mania sentá-lo, no chão da sala, a ouvir Jaques Brel, Ray Charles, Frank Sinatra e Zeca Afonso.

Aprende a ouvir e a sentir, através do ambiente artístico em que cresce.



Com 14 anos, começa a frequentar bares e casas de amigos para fazer e ouvir música.

Aos 15 anos inicia o estudo de canto com Lúcia Lemos, o que marca a vontade futura de ser músico.
Escreve e compõe a partir daí.

Aos 19 anos estuda em duas das principais escolas de música do mundo, a “Musicians Institute”, e a “Berkelee College of Music”, nos Estados Unidos da América. É aluno de Jamie Lula e aprende canto e composição.

O primeiro disco de Gil do Carmo sai em 1997. “Mil Histórias” é um retrato de Lisboa, a partir de uma nova abordagem, com respeito pelo passado, num olhar para os novos tempos da cidade.
A partir de um som que se quis miscigenado e unificador, as criações de Gil do Carmo exploram as raízes da tradição portuguesa, em contacto constante com as influências atlânticas que chegam pelas marés do Tejo.

Nus teus Olhos”, de 1999, torna-se um grande sucesso em Portugal e projecta o artista nos países de língua portuguesa.

Criador de um dos mais emblemáticos espaços de música ao vivo em Lisboa, o “Speakeasy”, Gil do Carmo marca uma nova forma de estar na música portuguesa, ao dar palco a jovens músicos e autores, durante 17 anos.

Fica quase 10 anos sem gravar um disco de originais mas, ao longo desse tempo, compõem temas para Mariza, Dona Maria e Carlos do Carmo, entre outros.

Sisal” de 2008 é a viragem musical do artista. O single “Na Maré de Ti” é um dos grandes êxitos do ano em Portugal.

A Uma Voz”, de 2016, é o quarto trabalho que conta com a participação de João Frade, Vicky Marques, José Manuel Neto e António Serrano, entre outros, gravado com a espontaneidade total dos músicos, para originar o ambiente criativo certo que o canautor pretende para este disco.

Canta em vários países, numa carreira internacional em crescimento: de Espanha à Escócia, passado pelo México, Brasil, Inglaterra, França.
E de repente, chega a pandemia.

O álbum “” inicia um caminho poético, que se cruza com a “Lisboa de Amanhã”, do bairro e ao manjerico, passando pela percussão das diferentes latitudes, despido de preconceitos, para uma abordagem electrónica, nova na sua música.

No mais recente disco “Mediterrâneo” (2025), Gil do Carmo revela uma nova etapa estética e ética. Gravado no Canoa Estúdios, com produção de Gil do Carmo e Tiago Santos e produção adicional de Nelson Canoa, o álbum inaugura uma mudança geográfica e simbólica: se o Atlântico foi sempre o território emocional e musical do artista, a Lisboa atlântica, de porto e sentido ao Tejo, o Mediterrâneo surge em mar de reencontro com a ancestralidade e a herança milenar das poéticas do Sul. Em entrevista à Rádio Renascença, Gil do Carmo descreve essa transição como um regresso “ao som que está dentro das pedras e do vento”, à vibração antiga das margens que “unem mais do que separam”. O primeiro single, “No Dia em que o Sahara”, é lançado a 21 de junho de 2025, data do aniversário do artista e solstício de verão, como primeiro testemunho simbólico da sua nova travessia musical e poética. A canção, que evoca os desertos interiores e as metamorfoses do clima e da alma, afirma-se como metáfora de um tempo de urgência e de esperança. O videoclipe, realizado por João Vasco filmado nas águas do Mediterrâneo, prolonga essa viagem de reconciliação: entre a luz e a sombra, poesia e harmonia, entre passado e futuro.

Mediterrâneo” é uma mudança num retorno à escuta, à delicadeza e à clareza das origens, em afirmação estética do canto e do murmúrio, das poeiras do deserto, e dos ventos quentes ancestrais.


Com quase 30 anos de carreira, Gil do Carmo é um nome singular da música portuguesa, reconhecido pela autenticidade e pela capacidade de cruzar estilos, tempos e geografias. O músico e compositor tem um percurso de constante reinvenção, dando voz às raízes e às rotas da miscigenação contemporânea. “Mediterrâneo” afirma-se como mais um capítulo essencial desse legado, celebrando, através da música, a memória comum que une as margens de um Sul maior.