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Aqui se chama o Mundo. Do alto da voz Portuguesa de Gil do Carmo, todos os povos se enternecem e, como se animais chegassem da Terra toda, as canções abrem no Mediterrâneo uma praça para o encontro.

Aqui se chama o Mediterrâneo, sua idade inteira e sua beleza. A mestria de seus povos sedimentada em suas melodias pressentidas, suas memórias evocadas pela portugalidade. Gil do Carmo completa sua identidade através desta impressão colectiva, uma certa multidão e em sua voz, o sentimento profundo de ser súmula, cúmulo de um território vasto. O Mediterrâneo, afinal, é mais por dentro do que na evidência do mar e do chão. Assim coma a "música mora no silêncio", tudo aqui é segredo que se revela por fim, diamante colhido no íntimo peito do cantor.

Que lindo este disco. Que lindo, elegante, inteligente, tão maduro, este disco em que Gil do Carmo afinal carrega sua música mestiça para ser o que o destino lhe quer: a inteireza de terras a perder de vista. Terras a verem o mar. Terras a descerem ao mar. Onde partimos, onde chegamos.

Há muito que um conjunto de canções não me parecia tão feito de um mesmo gesto e um mesmo amor. Genuínas e seguras, perfeitas. Canções perfeitas de partirmos e voltarmos só por escutar.

Valter Hugo Mãe

A brisa do Sul é o princípio. É desse sopro suave que nasce "No Dia em que o Sahara", o novo single de Gil do Carmo, a ser lançado a 15 de Junho. Uma data simbólica: mês do Solstício, da luz mais quente, do aniversário do compositor e das heranças do deserto.

O tema marca a estreia do álbum Mediterrâneo, a editar em Outubro pela Antena 1, e propõe uma viagem sonora pelas geografias afectivas do Sul, onde o Atlântico e o Mediterrâneo se encontram nas margens da música Portuguesa.

Mediterrâneo parte de uma ideia essencial: resgatar a essência do passado através das sonoridades novas do presente, em busca de criações futuras. Com sonoridades que evocam o calor das travessias humanas e das heranças culturais milenares, este disco constrói-se a partir dos ventos, das marés e dos ritmos que nos chegaram a navegar.

"No Dia em que o Sahara" é o primeiro testemunho dessa travessia musical e poética, nesse alerta visível das alterações climáticas que atingem Portugal. Uma canção que fala de desertos interiores e reinvenções de luz.

Com estreia marcada na Antena 1, o single é acompanhado por um videoclipe filmado nas ondas do Mediterrâneo, realizado por João Vasco, evocando os territórios afectivos e os sopros ancestrais que inspiram este disco.

FICHA TÉCNICA
Realização João Vasco
Letra Gil do Carmo
Música Gil do Carmo
Vozes Gil do Carmo
Guitarra Acústica Tiago Santos
Contrabaixo Rodrigo Correia
Piano Daniel Bernardes
Bateria e Percussões Vicky Marques
Gravação Nelson Canoa
Mistura Nelson Canoa
Masterização Nelson Canoa
Assist. Gravação/Mistura/Masterização Pedro Moreira
Produção e Arranjos Gil do Carmo e Tiago Santos
Produção adicional Nelson Canoa
Gravado no Canoa Estúdios entre 14-24 Setembro 2024
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NO SILÊNCIO MORA A MÚSICA

A música mora no silêncio
Instante do Deserto
Ao caminhar
Não sei passarei toda esta duna
Imerso pesadelo ao acordar
A música mora no silêncio
Procura da toada a assobiar
No trilho do Oásis vem a água
Submersa equação a desbravar

(Refrão)

Ai solidão
Querer estar só
Ai solidão
Mas não sozinho
Ai solidão
Ser solitário
Ai solidão
No teu caminho

A música mora no silêncio
Depois de tudo
Da passagem, o ar...
É alma, é matéria a consciência
Memória de um trajeto a abrigar
A música mora no silêncio
Poente de uma idade a projetar
Silêncio, solidão e toda a música
Três pontos de sumais valorizar!

(Refrão)

Ai solidão
Querer estar só
Ai solidão
Mas não sozinho
Ai solidão
Ser solitário
Ai solidão
No teu caminho
Mediterrâneo